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Carne bovina supera a soja e assume a liderança das exportações acreanas
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Orlando Sabino
O Acre exportou, em 2024, um valor de US$ 87,3 milhões de dólares. É o maior valor exportado pelo estado, desde o primeiro registro da Secretaria de Comércio Exterior – Secex, iniciado em 1997. O valor superou o recorde do ano de 2022 (US$ 54,4 milhões) em 60,5% e em 90,6% o valor exportado em 2023 (US$ 45,8 milhões). No gráfico a seguir constam os valores das exportações acreanas desde 1997.
Bovinos e derivados assumem a liderança das exportações acreanas
Pela primeira vez, a carne bovina representou o maior valor exportado, correspondendo a 30,5% do total (US$ 26,6 milhões). A pecuária bovina que possui o maior Valor Bruto da Produção primária do Acre, finalmente consegue desobstruir uma série de obstáculos, principalmente as de ordem sanitária, para ocupar a liderança na pauta das exportações do Acre. O grande feito foi obtido graças ao empenho das autoridades locais e federais e dos produtores locais. Na tabela a seguir, constam os dados das exportações por grupos de produtos (bovinos, soja, suínos, castanha, madeira e milho).
Percebe-se que a soja, que até o último ano, era líder nas exportações, ocupa a segunda posição, representando, 25% do total exportado (US$ 21,8 milhões).
Em síntese, os resultados de 2024 demonstram uma ampla vantagem dos produtos de origem animal (bovinos e suínos) com 50,4%, seguido pelos produtos de origem vegetal (soja e milho), com 26,4% e, finalmente, os produtos de origem florestal (castanha e madeira) com 19,6%.
O Peru foi o principal destino das exportações acreanas
Conforme apresentado na tabela a seguir, o Peru foi o principal comprador do Acre, com 28,5%, a maioria da carne suína, da castanha e do milho exportado. Em seguida aparecem os Emirados Árabes Unidos (13,9%) e a Turquia (9,0%), principais destinos da carne bovina acreana. A Espanha, a China, a Itália e a Alemanha foram os principais compradores da soja do Acre. Finalmente, os Estados Unidos e a Holanda foram os principais compradores da madeira e parte da castanha exportadas pelo Acre.
A alfândega de Assis Brasil (Estrada do Pacífico), foi o a segunda mais utilizada para as exportações acreanas
Conforme exposto na tabela a seguir, a estrada do pacífico foi a via onde transitaram 28,5% das exportações acreanas, principalmente para exportações de carne suína, de castanha e de milho. O maior local de exportação foi o Porto de Santos (34,9%), por onde saíram a carne bovina, e parte da madeira e da castanha.
A soja foi principalmente exportada pelos Portos de Manaus e de Santarém. Já pelo Porto de Paranaguá exportou-se os miúdos de bovinos, principalmente para Hong Kong. Por Epitaciolândia saem a maioria de materiais de construção, ferragens, e alimentos industrializados, destinados a Bolívia.
Importações atingem US$ 4,4 milhões, 14,6% a menos que em 2023
O valor das importações do Acre, em 2024, foi de US$ 4,4 milhões. Como o valor exportado foi de US$ 87,3 milhões, o saldo da balança comercial do Acre (exportações – importações), em 2024, foi de US$ 82,9 milhões, foi um novo recorde. O valor da balança comercial foi104,2% superior ao saldo do ano passado que totalizou US$ 40,6 milhões.
O principal fornecedor das importações do Acre foram os Estados Unidos com US$ 1,9 milhão (42,8%), correspondentes a compra, principalmente, de polietileno, aviões e tratores. Em seguida apareceu a Tailândia com US$ 769 mil (17,4%), proveniente da importação de arroz. Da China, cujas importações atingiram 13,4% do total, vieram, principalmente, pneus novos e acessórios de motocicletas. Finalmente, do Peru (8,9%), vieram cebolas e alhos.
O ano de2024 foi um muito bom para o mercado externo acreano. O resultado foi fruto de muito trabalho e empenho das autoridades e dos empresários. O cenário é promissor para 2025. Porém, os desafios continuam, ficar atento com as oscilações de mercado e, principalmente, com os embaraços sanitários e alfandegários devem ser perseguidos.
A recente criação do Bloco IV de estados classificados em área livre de aftosa sem vacinação, é um exemplo claro da necessidade de acompanhar de perto tudo aquilo que pode impactar na valorização dos nossos produtos no mercado exterior. Leio a matéria do brilhante redator do ac24 horas, Itaan Arruda – (https://ac24horas.com/2025/01/26/acre-e-rondonia-mantem-unidade-de-defesa-pela-manutencao-da-classificacao-de-area-livre-de-aftosa-sem-vacinacao/) – do dia 26/01/2025, que destacou a ação do Idaf, que articulou para que o Mapa ouvisse proposta dos produtores de carne do Acre e Rondônia para manterem esse potente diferencial de mercado para a manutenção da carne bovina do Acre no mercado internacional.
Novas ameaças virão, a união de todos será fundamental para uma inserção ainda maior do Acre no mercado internacional.
Orlando Sabino escreve às quintas feiras para o Notícias da Redação

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Finanças pública em 2024: Aumento do déficit previdenciário e queda dos níveis de execução dos investimentos programados

No artigo de hoje vamos iniciar uma análise sobre alguns detalhes da execução orçamentária e da gestão fiscal do Governo do Acre no exercício de 2024. Os dados foram pesquisados nos relatórios da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF, publicados pelo governo no final do mês de janeiro de 2025. No artigo de hoje a análise vai se centrar no comportamento das receitas totais; no déficit previdenciário; nos pagamentos de juros, encargos e amortização da dívida e dos gastos com investimentos. O objetivo é concluir essa breve análise no artigo da próxima semana. Para uma melhor contribuição, vamos analisar os dados dos últimos 4 anos (2021, 2022, 2023 e 2024).
Em 2024, as receitas totais realizadas superaram em 10% a previsão inicial
As receitas totais, em 2024, atingiram R$ 11,87 bilhões. O valor foi 10% a mais que a estimativa inicial programada pelo governo, estimada em R$ 10,79 bilhões, valor que foi aprovado pela Assembleia Legislativa. Observando-se os dados desde 2020, verifica-se que em todos eles, constata-se uma subestimação das receitas por parte do governo, conforme pode ser observado na tabela a seguir. O auge da diferença aconteceu no ano de 2022 onde a receita realizada superou a previsão inicial em 20,7%.
GOVERNO DO ACRE: Receitas – Previsão inicial e Realizadas em 2021, 2022, 2023 e 2024 – em (R$) | ||||
RECEITAS | 2021 | 2022 | 2023 | 2024 |
Previsão Inicial | 6 774 734 432,50 | 7 847 413 468,92 | 8 897 834 351,30 | 10 788 871 605,98 |
Realizadas | 7 929 464 475,90 | 9 469 050 365,96 | 10 152 071 308,31 | 11 867 228 692,33 |
Diferença | 1 154 730 043,40 | 1 621 636 897,04 | 1 254 236 957,01 | 1 078 357 086,35 |
% da Diferença | 17,0% | 20,7% | 14,1% | 10,0% |
Fonte: Relatórios da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF – 2021,2022,2023 e 2024 |
O déficit previdenciário avança e atingiu R$ 955 milhões em 2024
Em 2024, o Regime Próprio de Previdência dos Servidores – RPPS, que atende aos trabalhadores civis e militares e seus dependentes, registrou déficit de R$ 955 milhões. O valor de 2024 é 44% maior, que o valor do déficit de 2021 (R$ 663 milhões). Comparando-se os déficits entre 2023 e 2024 o aumento foi de quase 19%, mostrando claramente uma tendência de alta. Na tabela a seguir demonstram-se os números do déficit dos últimos 4 anos.
Destaca-se que, enquanto o déficit do pessoal civil cresceu 35% em 4 anos, o déficit dos militares cresceu 60,7%. Em 2024, o número de beneficiários civis, que é a grande
maioria dos beneficiários, representou 61,1%. Por outro lado, a minoria, representado pelos militares já representa 38,9% do déficit.
GOVERNO DO ACRE: DÉFICIT DO REGIME PRÓPRIO DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES E DO SISTEMA DE PROTEÇÃO SOCIAL DOS MILITARES em 2021,2022,2023 e 2024 – em R$ | ||||
2021 | 2022 | 2023 | 2024 | |
Regime Próprio dos Servidores | 432 309 439,07 | 456 432 484,95 | 467 000 921,16 | 583 735 350,35 |
Sistema de Proteção Social dos militares | 230 768 903,35 | 301 079 457,32 | 335 370 776,43 | 370 946 373,76 |
Total do Déficit | 663 078 342,42 | 757 511 942,27 | 802 371 697,59 | 954 681 724,11 |
Fonte: Relatórios da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF – 2021,2022,2023 e 2024 |
O sistema previdenciário do governo do Acre não é sustentável, assim como os da maioria dos estados brasileiros. Não sendo sustentável (as receitas pagarem as despesas), tem-se o déficit que é financiado pelo tesouro estadual. O déficit previdenciário suga recursos que deveriam ser direcionados aos investimentos, à infraestrutura, por exemplo, que poderia impulsionar o crescimento estadual.
Juros, encargos e amortização da dívida atingiram R$ 547 milhões em 2024
Outra questão que merece a atenção, pelo volume que representa na estrutura das despesas estaduais é pagamentos de juros, encargos e amortização da dívida. Esse valor, em 2024, correspondeu a R$ 547,5 milhões. São compromissos assumidos pelo Estado do Acre junto ao governo central, pelas operações de créditos contratadas pelos governos passados ou pelo governo atual. Os dados desses pagamentos constam na tabela a seguir. Importante destacar que o valor dos pagamentos é um pouco menor que os de 2023, depois de vertiginosos crescimentos em 2021 e 2022.
GOVERNO DO ACRE: Pagamento de Juros, encargos e Amortização da Dívida em 2021, 2022, 2023 e 2024 – Em R$ (%) | ||||
2021 | 2022 | 2023 | 2024 | |
JUROS E ENCARGOS | 130 254 723,25 | 164 185 624,99 | 232 896 558,65 | 232 643 612,12 |
AMORTIZAÇÃO | 345 593 736,07 | 450 901 609,29 | 316 839 703,38 | 314 879 325,02 |
TOTAL | 475 848 459,32 | 615 087 234,28 | 549 736 262,03 | 547 522 937,14 |
Fonte: Relatórios da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF – 2021,2022,2023 e 2024 |
Fica evidente que uma redução de juros e encargos e o alongamento dos prazos de amortizações em muito contribuem para aliviar o caixa do governo para, principalmente, para realizar investimentos no curto prazo.
Nesse sentido, o presidente Lula, sancionou a Lei Complementar 212, de 2025, que cria o Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag). Esse programa permite a renegociação das dívidas dos estados com a União. A nova lei foi publicada pelo Diário Oficial da União no dia14/01/2025.
Entre outras condições, a lei autoriza desconto nos juros e permite pagamento em até 360 parcelas (prazo de 30 anos). As parcelas mensais serão calculadas e corrigidas mensalmente, com possibilidade de amortizações extraordinárias e redução dos valores nos primeiros cinco anos.
As autoridades acreanas devem estar se debruçando sobre as condições do Propag, para definir a melhor estratégia para a renegociação da dívida estadual. Essa renegociação vai aliviar, no curto prazo, as finanças estaduais. Como disse, a renegociação é fundamental para que haja um aumento do espaço fiscal, que poderá ser canalizada para novos investimentos, capazes de ativar setores importantes da nossa economia.
Nível de execução dos investimentos volta a cair em 2024. O valor gasto representa somente 35,8% do programado e alcança o menor percentual desde 2021.
A capacidade da máquina pública de executar os investimentos programados continua sendo um sério problema para que o governo possa contribuir ainda mais, de forma direta, no crescimento da economia estadual. Tenho debatido essa questão em artigos anteriores.
Na tabela abaixo contém os valores dos investimentos programados e executados de 2021 à 2024. Verifica-se que, em 2024, dos R$ 1,2 bilhões programados, somente R$ 432 milhões foram executados, portanto, mais de R$ 770 milhões deixaram de ser aplicados em setores chave de geração de emprego e renda.
É elogiável a iniciativa do governo de tornar o ano de 2025 como o ano da execução. É justamente o concerto dessa falha na engrenagem que estar necessitando para uma maximização do gasto.
GOVERNO DO ACRE: Investimentos Programados e Realizados em 2021, 2022, 2023 e 2024 – Em R$ (%) | ||||
2021 | 2022 | 2023 | 2024 | |
Programados | 794 384 639,15 | 1 165 810 561,40 | 1 067 823 032,83 | 1 206 199 828,54 |
Executados | 345 534 314,37 | 727 113 807,77 | 394 574 229,82 | 432 319 082,64 |
% de execução | 43,50 | 62,37 | 36,95 | 35,84 |
Fonte: Relatórios da Lei de Responsabilidade Fiscal – LRF – 2021,2022,2023 e 2024 |
Abordamos questões cruciais das finanças estaduais. A redução do déficit previdenciário, a renegociação das condições de pagamento da dívida e um esforço para executar em maior proporção os investimentos programados, podem significar mais recursos que podem ser canalizados para a realização de investimentos adicionais. A meta do governo de tornar o ano de 2025 em o ano da execução é muito bem-vinda. A economia agradece.
Orlando Sabino escreve às quintas-feiras no Notícias da Redação
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